No salão EnerGaïa em Montpellier, Marstek aproveitou a atmosfera muito “prática” do fórum (instaladores, fabricantes, integradores, escritórios de estudos… enfim, as pessoas que fazem as perguntas que incomodam) para oficializar dois novos produtos em torno de sua linha de baterias solares VENUS: a VENUS G e a VENUS D na versão AC. A ideia é coerente com o conceito apresentado na IFA 2025, “Plug in. WireLite.”, com uma promessa simples no papel: soluções de armazenamento mais fáceis de instalar e capazes de se integrar à maioria das instalações fotovoltaicas existentes.
EnerGaïa: Marstek chega com uma linha que visa a instalação “sem cabeça de dor”
Marstek posicionou claramente a EnerGaïa como a vitrine de sua linha completa, com foco na compatibilidade e na simplicidade de implantação.
A apresentação no local também deu um pouco de contexto sobre a marca: fundada em 2009, mais de 400 engenheiros, mais de 1500 funcionários, 4 fábricas e um faturamento previsto de 524 milhões de euros em 2024. Resumindo, não se trata de mais uma startup.
No que diz respeito ao suporte, o discurso enfatiza um atendimento ao cliente disponível 24/7 e respostas em cerca de 20 minutos “por pergunta” (é ambicioso, mas essa é a mensagem).
O que se destaca especialmente é a estratégia: promover uma linha “residencial” capaz de cobrir vários casos de uso, desde a bateria plug & play que otimiza a autoconsumo, até o armazenamento mais robusto que visa alimentar grande parte da casa, mesmo em caso de interrupção.
VENUS G: armazenamento modular de 5 a 30 kWh, acoplado AC e projetado para a casa
Primeiro grande anúncio: a Marstek VENUS G, uma bateria modular acoplada AC, indicada para 5 kWh por módulo, expansível até 30 kWh. Basta empilhar os módulos, como já pudemos ver na Zendure ou Anker Solix, por exemplo.
O argumento central é a compatibilidade com as grandes famílias de instalações de PV (a Marstek menciona especialmente a Enphase e SolarEdge) e a adição “sem precisar refazer tudo”.

No que diz respeito à potência, a Marstek destaca um inversor bidirecional de 5 kW, uma eficiência anunciada > 97%, e a capacidade de suportar até 7,5 kW de entrada AC PV (com uma lógica de controle “smart control” sobre o existente).
Outro ponto técnico interessante: a tecnologia “500V V-Boost”, apresentada como um controle individual dos módulos para limitar os desequilíbrios entre os módulos LFP.

E então, há o assunto que interessa a todos (mesmo àqueles que juram que nunca precisarão disso): o backup. A Marstek anuncia uma comutação automática em menos de 10 ms, com uma saída de emergência (EPS) e até 10 kW em pico nesse modo.
Por fim, do ponto de vista “prático”, o discurso também enfatiza detalhes de integração: IP65, funcionamento anunciado de -20°C a 55°C, e um nível de ruído abaixo de 30 dB.

No que diz respeito à conectividade, encontramos Wi-Fi, Bluetooth, RS-485 e Ethernet, com a menção de uma API aberta e integrações possíveis com EMS de terceiros (e, certamente, isso chama a atenção no que diz respeito à automação residencial…).
VENUS D na versão AC: o plug & play que visa a autoconsumo (e a tarifação dinâmica)
Segunda novidade destacada na EnerGaïa: a VENUS D na versão AC. O objetivo é claro: uma bateria “plug & play” para maximizar a exploração do excedente solar, sem depender de uma marca de inversor específica.
A capacidade anunciada é de 2,56 kWh por unidade, expansível até 15,36 kWh em monofásico (até 138,24 kWh em trifásico!), com uma potência bidirecional de 2,5 kW.

Onde a Marstek quer se destacar é na camada “controle”: a marca enfatiza uma gestão otimizada por IA, associada ao contador inteligente CT002, para antecipar as necessidades da casa, planejar o carregamento/descarregamento e distribuir a energia no “momento certo”.
Na apresentação, a tarifação dinâmica é inclusivamente citada como um importante alavancador, com a ideia de carregar quando o preço é baixo e descarregar quando é alto (o caso de estudo mencionado no local: Tempo / horas de pico-horas fora de pico, com uma necessidade de automação mais precisa na França).

Quanto à longevidade, a Marstek mantém células LFP, garantidas por 10 anos e com mais de 6000 ciclos (com uma vida útil “até 15 anos” mencionada).

Smartbox: a peça que muitas vezes falta para um verdadeiro “backup em toda a casa”
Um ponto chamou claramente a atenção durante as conversas: a “Smartbox”. A ideia, conforme explicada, é passar de uma simples tomada de emergência a uma comutação mais limpa em uma linha dedicada, para que o backup se torne mais transparente em caso de interrupção (e não apenas “é preciso conectar um cabo”).

Os suportes de produtos da VENUS D AC também falam de “Whole-Home Backup in One SmartBox”, com cenários de extensão que atingem (no papel) até 46,08 kWh em monofásico e 138,24 kWh em trifásico, na configuração “cluster”.

Obviamente, esse tipo de promessa sempre depende das condições de instalação, das normas e do dimensionamento real (potência, circuitos protegidos, balanceamento, etc.). Mas, na essência, é exatamente o elo que muitos sistemas “para o consumidor” deixam de lado.


Domótica: Home Assistant, Shelly e a realidade do “isso vai chegar em uma atualização”
O assunto também desviou (naturalmente) para a integração de automação residencial, com várias conversas em torno do Home Assistant e dos contadores (Shelly vs CT002). O CT002 é hoje a solução mais “plug & play” da Marstek. Embora o Shelly também seja compatível, sua utilização pode exigir mais configuração de acordo com os casos.
Mas a API aberta permite uma integração com o Home Assistant, já em uso, aliás, na minha casa com a Venus E3 que está sendo testada há várias semanas.

Materialmente, as bases parecem sólidas e o posicionamento preço/equipamento parece agressivo… mas a “magia” do controle ainda depende muito do software, e esse é precisamente o tipo de ponto que faz a diferença no cotidiano (especialmente para aqueles que gostam de centralizar tudo no Home Assistant). Felizmente, a Marstek está muito atenta aos usuários, e várias melhorias já foram feitas para aprimorar o sistema, das quais falarei com mais detalhes em breve.
O que é preciso reter do anúncio da Marstek na EnerGaïa
Com a VENUS G, Marstek visa claramente aqueles que buscam uma solução modular de alta qualidade, capaz de alcançar potências e capacidades adequadas para uma casa inteira, com um backup muito reativo anunciado.
Com a VENUS D AC, a marca mantém uma abordagem plug & play, mas reforçando a versão AC (2,5 kW) e focando em otimização por IA, tarifação dinâmica e ecossistema (CT002, Smartbox, API, etc.).
E o fabricante não pretende parar por aí, já que prevê oferecer soluções para instaladores, como a Marstek Mars Plus, ou ainda pontos de carregamento para veículos elétricos, a fim de otimizar o consumo solar.

Voltaremos a falar sobre isso em testes futuros!


