Aqui está uma pequena revolução que se apresenta no mundo tranquilo — mas em pleno boom — da autoconstrução solar. No dia 26 de março de 2025, um novo decreto foi publicado no Journal Officiel, e atenção: ele vai abalar seriamente nossos hábitos de consumo energético. O decreto S21, esse é seu nome, muda a forma como os particulares produzem, consomem e revendem sua eletricidade fotovoltaica. E, acima de tudo, coloca o armazenamento de energia no centro do sistema.
Então, respire fundo, e vamos analisar juntos este novo vento sobre os painéis solares feitos na França.
A autoconstrução solar já era excelente
Primeiro, um pequeno retorno sobre o que chamamos de “autoconstrução solar”. Nos últimos anos, um número crescente de particulares investe em painéis fotovoltaicos para produzir sua própria eletricidade — geralmente instalados no telhado de suas casas, de forma tranquila. Produzir o que se consome é bom para o planeta, para o bolso e para a independência energética. A vida boa, não?
Até recentemente, aqueles que produziam mais eletricidade do que necessário podiam revender o surplus sem se preocupar muito. A EDF OA (Obrigações de Compra) ou outros operadores se encarregavam a um preço fixo, garantido por 20 anos. É seguro dizer que era um verdadeiro pequeno travesseiro macio para os particulares e pequenos produtores.
Mas com a chegada do decreto S21… tudo isso muda.

O decreto S21: um novo rumo para a energia solar individual
Então, o que exatamente diz esse famoso decreto S21? Seu objetivo é triplo: estabilizar a rede nacional, limitar as injeções não controladas de eletricidade na rede e incentivar o armazenamento local. Em resumo, o Estado quer que aqueles que produzem energia solar não despejem todos os seus quilowatt-horas em excesso na rede elétrica (que já tem dificuldade em manter o equilíbrio durante os picos de produção).
A consequência direta? As novas instalações de painéis fotovoltaicos acima de 3 kWc agora devem justificar um sistema de armazenamento integrado ou dispositivos de limitação de injeção. Acabou o tempo em que se podia revender seu surplus tranquilamente de chinelos, com as mãos nos bolsos.
Armazenar sua eletricidade: a nova etapa lógica
Isso parece quase evidente agora: se não podemos mais revender como antes, precisamos armazenar em algum lugar essa preciosa eletricidade solar não consumida. Bem-vindos, então, à era do armazenamento em casa!
Essa evolução, além da mudança regulatória, reflete uma realidade técnica: a produção fotovoltaica é por natureza aleatória. O sol brilha ao meio-dia… quando não estamos em casa para ligar o forno ou iniciar uma máquina. O resultado: o surplus de energia produzido durante o dia nem sempre corresponde às necessidades reais.
A solução? As baterias domésticas, e por que não a autoconstrução com controle inteligente (sim, o futuro já chegou). Beem, Anker Solix, Zendure, EcoFlow, Tesla Powerwall, Enphase, LG Chem, Sonnen… Há toda uma gama de sistemas de armazenamento residenciais, com capacidades de 2 a 60 kWh, capazes de absorver o surplus solar para devolvê-lo à noite, na hora do jantar. Ou a partir das 6h da manhã, para os fãs de torradas na torradeira. Já tivemos a oportunidade de conhecer vários em nossos testes de soluções de armazenamento de energia.

Um custo, sim… mas um investimento que se amortiza
Vamos ser honestos, integrar uma bateria na sua instalação solar, custa um pouco no início. É necessário contar entre 1.000 e 10.000 € adicionais para um sistema de armazenamento, além dos painéis solares. Para alguns, isso pode parecer desanimador.
Mas… há um porém (e é significativo): em 10 a 15 anos, definitivamente vale a pena. Não apenas ganhamos em autonomia energética (adeus aos aumentos das tarifas de eletricidade), mas valorizamos nosso patrimônio e nos protegemos contra cortes na rede. Ah, e como bônus: reduzimos drasticamente nossa conta de eletricidade. Se isso não é uma situação em que todos ganham…
Algumas regiões e coletividades oferecem, aliás, subsídios ou bônus de investimento para a compra de baterias domésticas, em complemento ao MaPrimeRénov’ para os painéis. Basta dar uma olhada nos subsídios locais (e às vezes fazer uma ou duas ligações nos meandros da administração, admitimos, não é a parte mais divertida).
Rumo a uma nova geração de instalações: mais “inteligentes”, mais autônomas
O que implica o decreto S21 também representa uma evolução no design das instalações fotovoltaicas. Não estamos mais falando apenas de “painéis + inversores”, mas de sistemas inteligentes integrados, capazes de monitorar seu consumo, prever picos de produção, armazenar no momento certo e até gerenciar a alimentação do seu carro elétrico (porque sejamos honestos, é aí que a coisa também acontece).

Entramos em uma era em que a autoconstrução não se limita mais a alguns painéis visíveis da rua: estamos instalando toda uma micro-rede doméstica. Conectada, adaptável e potencialmente controlada por um aplicativo no smartphone.
Por que isso é uma boa notícia (mesmo que cause um pouco de desconforto)
Poderíamos reclamar, é verdade. Esse tipo de reforma sempre dá a impressão de que estamos brincando de Jenga com nossos projetos bem elaborados. Mas se tomarmos um pouco de distância, o decreto S21 empurra na direção certa. Porque o futuro da energia não é uma produção descentralizada E uma dependência total da rede. É produzir, consumir e armazenar, localmente, de forma autônoma.
E como bônus, é uma enorme oportunidade para os profissionais: instaladores, fabricantes de baterias, desenvolvedores de soluções domóticas… O mercado está em plena expansão, e a França começa a alcançar países como Alemanha ou Itália na adoção de soluções de armazenamento. Já era hora de levarmos isso a sério!
Uma mudança… e um convite à ação
Então, aqui está: com o S21, não é mais hora de esperar. Para aqueles que tinham um projeto solar na manga, é hora de revisar seu planejamento incorporando uma lógica de armazenamento. Para os outros, pode ser o momento certo para dar o salto e dizer adeus de uma vez por todas aos aumentos nas tarifas de eletricidade.
Entrar na autoconstrução com armazenamento é um pouco como embarcar em uma viagem de carro: exige um pouco de preparação, há algumas curvas, mas a paisagem vale a pena. E uma vez iniciado, é difícil voltar atrás. O sol, por sua vez, está sempre presente — é melhor aproveitar!
E se você quiser ir ainda mais além, não hesite em olhar para as comunidades de energia locais, ou mesmo sistemas de “peer-to-peer” onde você pode vender ou compartilhar sua eletricidade com seus vizinhos. Sim, isso é quase futurista… mas já existe!